Um quinto das construtoras que atuam no Casa Verde e Amarela (CVA) suspendeu os lançamentos de novos projetos ou saiu do programa do governo federal por não conseguir viabilizar novos projetos devido à pressão inflacionária. Havia 791 empresas ligadas às contratações em 2021. O número recuou para 635 em 2022, conforme levantamento do Ministério do Desenvolvimento Regional (MDR) realizado a pedido do Estadão/Broadcast, sistema de notícias em tempo real do Grupo Estado.
Disparada de preços
As empresas sentiram o aumento generalizado nos custos de construção, especialmente de materiais como concreto e aço. A inflação setorial medida pelo Índice Nacional de Custos da Construção (INCC) cresceu 11,2% no acumulado dos últimos 12 meses até agosto de 2022. Em um dos momentos de pico, chegou a subir 16,7%, no acumulado de 12 meses até agosto de 2021.
Como resposta, as incorporadoras foram forçadas a repassar para os consumidores o aumento nos custos. O problema foi que, em muitos casos, os novos preços ficaram incompatíveis com o poder de compra dos consumidores, o que levou à suspensão dos projetos pelas empresas. Ao longo do ano, o Ministério do Desenvolvimento Regional aumentou os subsídios, dilatou os prazos de financiamento e baixou os juros no Casa Verde e Amarela, dando mais fôlego aos consumidores.
Para reduzir perdas, preço do imóvel sobe
A situação não está fácil nem para as grandes empresas. A MRV - maior operadora do Casa Verde e Amarela - viu sua margem bruta diminuir de 26,3% no primeiro semestre de 2021 para 19,2% no mesmo período de 2022. Como resposta, passou a subir o preço dos imóveis para tentar recuperar essas perdas. O preço médio dos seus apartamentos lançados dentro do programa chegou a R$ 243 mil agora, alta de 25,5% em um ano. Em agosto, em média, as residências do programa habitacional foram comercializadas por R$ 177.780, valor 11,2% maior do que o do mesmo mês do ano passado. A maior subida de preços aconteceu no grupo 1, destinado às famílias mais pobres, com renda de até R$ 2.400 por mês. Neste caso, o salto foi de 17,6%, chegando a R$ 154.195.
Tendência
O presidente da Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC), José Carlos Martins prevê que os preços rumem para uma estabilização nos próximos meses, ao considerar que o Índice Nacional de Custos da Construção (INCC) já parou de subir de modo significativo. Em agosto e setembro, a oscilação foi de 0,3% e 0,1%, respectivamente. Para ele, O Brasil está criando empregos, e a tendência é de que os salários aumentem (via acordos coletivos), dando mais poder de compra à população. As empresas podem até subir os preços, mas não muito, porque vai escapar da renda da população e dos tetos dos programas. Acho que vamos chegar a um equilíbrio", disse.
Fonte: https://exame.com/mercado-imobiliario/inflacao-alta-encolhe-o-casa-verde-e-amarela/